O boêmio
No sereno da madrugada,
vejo o dia chegar. Com o cantar dos pássaros, os pardais fazem festa no telhado. Ouço vozes ocultas, no silêncio da rua deserta, desço a ladeira em ladrilhos, ouço uma música ao longe. A seresta toca romantismo, a moça não coloca flores. Já não sei nem meu endereço, não sei onde vou chegar. Passo pela rua onze, estreita, longa e escura, ouço duas vozes brigando, penso, ainda não se entendem. Na doze, o correio da manhã é impresso, na certa. Daqui a pouco será entregue, vou ver a notícia de ontem. Animadora sei que não é. Neste país coisas estranhas são decididas coerência não há. Quando entro na praça, já penso que estou perdido, sei onde fica, entro pela de costume. Na solidão das cinco, chamo a porta, estou sem a chave, ela atende, com voz de quem perdeu o sono. Entro sem dizer nada, caminho pelo corredor. Parece apertado, entro naquele que de certo, é meu aposento...
Jose Hilton Rosa
Enviado por Jose Hilton Rosa em 25/06/2008
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