Desejo obsceno
Abraçado ao tronco de poeira
Com os olhos perdidos no tempo Sem voz para gritar Passeando por uma praça de guerra Morto como morto Caminhar para caminhar Procurando para encontrar Um lugar para morrer De joelhos, não para rezar Com os olhos trêmulos Louca para cair Sobre a poeira do tempo Rocha pesada nos ombros Faminta por um descanso Observando o mundo apático Deitada desejando a morte Filha de um cego andante Querendo prova de amor Procurando um beijo na terra Pedindo perdão de um pecado ao santo Olhos úmidos de sangue Faminta por água na boca Desejo obsceno Deitada ao sol para pagar os pecados Fantasia obscena de um padre Que reza a missa aos domingos Pedindo perdão para os pecadores Dormindo, chora pelo desejo pecador Celebrando a união de dois corpos Autorizando o beijo à frente dos convidados Abençoando as alianças de ouro Na certeza de um adultério futuro Sagrada hóstia para os comungandos Trilha escura para chegar Um beijo aos pés, deixa-os comovidos Bons, são os de boa fé Feliz ao aconchego familiar Bebendo a água sagrada pela sede Um sono na tarde quente Livre de sonhos obscenos Convite louco te leva ao delírio De joelhos reza ao oratório de uma santa Sente como uma criança Livre dos pecados O sono feliz não acorda com os gritos do sofrimento Beijo no rosto postado na cama Pede benção para o novo amanhecer Abraça o corpo do santo Pede perdão pelo desejo obsceno Chora sozinha sua culpa Abraça os fiéis Como uma donzela, reza o terço na noite
Jose Hilton Rosa
Enviado por Jose Hilton Rosa em 04/07/2012
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