A morte
O vento sopra lá fora,
seus lábios estão frios, sua mão pesa sobre a minha, seu corpo é o meu corpo. A chuva cai lá fora, suas lágrimas pingam como na tristeza, seu olhar é baixo, seu suor não é do trabalho. Lá fora o andarilho grita, sua força não acaba, o medo já não pesa, seu olhar é de humildade e vergonha. Lá fora a luz é clara, seu rosto está queimado, sua fala já não é ouvida, seu beijo é frio. Onde estamos? no calvário é assim ! vamos rezar? a salvação vem da terra. Lá fora está frio, a neve cai sobre nossos ombros, nosso caminhar é pesado, nosso pisar é de espinhos. Me chamam lá fora, seus olhos respondem, o medo cresce, minha visão é dúbia. Seu corpo está caído, levanta-te! seu olhar é de medo, seu olhar é fixo. Não ouço ninguém, não vejo ninguém, não me reconheço, não me vejo. Lá fora as borboletas voam, porque não vôo igual? o peso do corpo não flutua, as pálpebras são guilhotinas. Meu olhar é cambaleante, a voz não é para todos, o ódio já não existe, a paixão aumenta. Todos falam, não ouço nada, o cérebro navega, não vejo o fim, lá longe o sol brilha. Na água o clarão aparece e foge, juntos vamos remando, a força desaparece, os dedos já não fecham. Nosso trabalho é forçado, a vontade é maior, nosso desejo se finda, o abraço é de remorso e dó. Todos dizem, ninguém ouve, todos tem a saída, ninguém enxerga, o sentimento é de cada um. De mãos cruzadas, o suspiro foi derradeiro, o sono ficou profundo, o velório aconteceu.
Jose Hilton Rosa
Enviado por Jose Hilton Rosa em 31/12/2017
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