Queria ser como uma garça
Voar calma sobre a água
Mostrar como sou
Livre do medo

Queria voar, pensar sem medo
Desnudar de preconceitos
Praticar a liberdade
Mostrar só para quem ama a natureza

Queria voar nu
Desvendar o olhar alheio
Nu de vaidades
Ser inocente como uma garça

Queria bater asas para a crítica
Ouvir apenas o vento
A cor das nuvens, da água e das matas
Alimentar da amizade dos peixes

Queria achar graça dos egoístas
Que fazem algazarra por ofender
Ouvir o som da água no vento
Pousar sem medo

Queria voar a tardinha
Recolher-me ao ninho
Dormir sobre o corpo
Despertar apenas para olhar

Queria me desertar
Ouvir apenas o presente
Não falar de nada
Sentir a água me molhar

Queria voar como uma garça
Como a garça voa
Sentir o ar frio
Sobre a água que espelha meu corpo