Sei que é pleonasmo falar que aproximei da morte.
Sei também que devo me parabenizar pelo tempo vivido.
Desejo portanto, muitas felicidades no tempo que me resta para viver.
Não sei quanto.
Diante de tantas desobediências da boa vontade do poder público, que o próprio público elegeu, devo comemorar por ter sobrevivido um enfarto, uma esclerose raivosa, um stress, uma depressão, um suicídio precoce, um confronto físico com tantos apoiadores do ódio, da maldade e da mentira.
Comemoro tantos anos vividos e ainda achar motivos para o riso. De querer continuar vivendo.
Às vezes me condeno por não conseguir demonstrar o óbvio, que a vida é o principal motivo.
Peço pois, perdão aos amigos de fé e de boa vontade pelo desrespeito de querer falar algo para seus ouvidos. Fazê-los refletir um pouco mais sobre fazer aniversário. Do nascimento, é lógico. Porque aniversário da morte apenas quem te amava e admirava, o faça. Visitando sua lápide e chorando a alegria de ainda estar vivo.